O Universo e nossas Criações

por Ana de Brito

Em alguns momentos em nossa vida nós pedimos, imploramos que nos seja mostrado um caminho que nos leve a felicidade, a tranqüilidade, a plenitude. As nossas insatisfações são tantas, que não mais conseguimos enumerar, nem saber quais são as principais, e ficamos com esperança de sermos agraciados com alguma coisa que nos tire desse rodamoinho de ”insensações”.

Chega um ponto em que não temos mais o que pensar, nada nos traz raiva ou amor, simplesmente ficamos parados, a inércia toma conta de nossas vidas, a chatice é total.

Talvez esses sejam os momentos mais importantes de nossa vida, são momentos de transição, onde o vento pára, tudo parece sem graça, sem vida, sem movimento, mas no fundo de nossa alma nós percebemos que forças ocultas estão sendo mobilizadas, à princípio é quase inconsciente, mas nós podemos sentir, a sensação cresce e se torna tão potente que muitas vezes tememos suas conseqüências e escolhemos bloqueá-las.

Passamos vidas inteiras pedindo ao universo, implorando ajuda e quando estas oportunidades se fazem presentes, nós simplesmente fugimos, tememos o desconhecido. Desde que éramos crianças somos assim, gostamos do que conhecemos, quanto mais víamos um filme mais gostávamos dele, alguns de nós com certeza chegou a decorar as falas de seus personagens prediletos, tudo é tão maravilhosamente tranquilo quando conhecemos o que acontecerá. Mas no fundo, bem no fundo de nós, precisamos do novo, precisamos do que desconhecemos, precisamos andar em caminhos às vezes tortuosos, mas caminhos que nos incitem, que nos devolvam o entusiasmo muitas vezes perdido durante nossa vida, perdido talvez por escolhas mal feitas, por falta de fé em nós mesmos e no todo.

Por isso quando tivermos em momentos como esses, aparentemente parados, é sinal que o universo com toda a sua sabedoria está formando o que pedimos, está em processo de criação. O que me faz lembrar uma frase que ouvi a pouco tempo.

“Fica entendido que não basta criar, há que se ter competência de suportar o peso da criação, pois necessariamente toda criação é arriscada e sem garantia.” (Jorge Forbes)

Na verdade nossos medos vêm de nunca sabermos o que realmente criamos, se estivéssemos sempre presentes, alertas, provavelmente nossas criações seriam sempre desejadas, mas estamos muito longe de conseguirmos formar somente o que queremos verdadeiramente ou mesmo de saber com clareza o que necessitamos.

Isso não tira o brilho das oportunidades trazidas pelo universo. Então, que nós tenhamos força para nunca fugirmos de nossas criações, porque elas sempre nos trarão benefícios e nos mostrarão o quando a vida pode ser excitante e maravilhosa. Ficarmos inertes nesses momentos, amedrontados pelo desconhecido, não nos levará a nada, somos capazes de passar vidas inteiras assim, aguardando mudanças, mas sempre querendo que essas mudanças sejam seguras. Temos que entender que o universo é sábio, mas totalmente sem garantias, a única garantia que se tem é que para se caminhar, temos que estar olhando para frente.

Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento. --Clarice Lispector

Namastê

Ana é uma briosa e muito querida amiga que tem contribuído para esse blog.

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Algumas vezes nas mudanças de vento é que encontramos nossa verdadeira direção.